Estava eu pensando em todo o caminho que percorri como músico até hoje e me veio a mente tudo isso que está escrito ai embaixo...
A ESSÊNCIA DA MÚSICA
(por Rodrigo Magrão Griebeler)
(por Rodrigo Magrão Griebeler)
A essência da música... É aquela sensação inexplicável que invade quando
conseguimos executar perfeitamente uma canção. È quando na adolescência
ensaiamos com nossos amigos como se estivéssemos fazendo um show para um mega
público e no final olhamos um para o outro com uma única certeza: é isso que
vou fazer pelo resto de minha vida. Essa alegria e satisfação incontroláveis...
é isso. É a mais forte das paixões.
Pelo menos no início de tudo essa é a essência. Mas depois ela muda e vai
embora quando decidimos viver da música e não dá certo como esperávamos. Essa
magia encantadora se vai quando perdemos
tempo ensaiando, tirando música, estudando pra ter um bom desempenho,
tirando dinheiro que poderia ser investido em nossa família pra ter um bom
instrumento, para apresentar um bom equipamento (que gera qualidade final para
quem escuta a música) e não se conquista a devida valorização por isso.
A valorização que deveria vir não
somente do contratante mas também do público. Ambos exigem a qualidade e a
própria música em si para diversão e atrativo em seus bares, restaurantes e
eventos. Mas ambos não reconhecem o valor da música, o sacrifício que todo o
músico se submete na ilusão de tentar viver da música.
O contratante quer qualidade mas oferece
valores de cachês limitados a um teto, muitas vezes ridículos, que acha justo
investir e que, em grande parte das vezes, é menor do que realmente vale o
trabalho do artista. Já o público consumidor considera justo investir apenas no
produto físico consumível (comida e bebida) dos bares e restaurantes que
oferecem música ao vivo. Como se fosse obrigação dos estabelecimentos oferecer música
ao vivo e do músico em contentar-se com uma cerveja como recompensa por tocar uma
hora a mais do que o contratado. A grande maioria desse público considera
ofensiva a cobrança do couvert artístico ou do ingresso para que se tenha a música
ao vivo.
Funcionando dessa forma, com o contratante definindo teto de cachê e o
público se negando a pagar uma pequena contribuição pelo trabalho artístico que
está recebendo, sobra pro músico o prejuízo. E não dá pra escolher muito. Ou
ganhamos o que é oferecido ou não ganhamos nada. Passamos a desconfiar de nossa
capacidade artística e aceitar qualquer oferta pois nós também pagamos contas
como todo mundo. Essa é a vida do profissional da música que não estourou
popularmente nos grandes meios de comunicação. Essa é a vida do músico de bar.
Do músico que depende de si só pra tocar sua carreira.
E como sentir a essência da música nisso tudo? No final das contas,
aquela magia que faz com que todo
artista se jogue de cabeça em uma carreira se reduz quase ao mínimo. A música
se torna mecânica e sem emoção. O artista aprende a sorrir ao cantar, mesmo
desiludido, sabendo que seus investimentos e estudos, assim como sua vocação
artística foram em vão. E o pior de tudo: o artista tende a ser sonhador, a ser
insistente e acreditar que um dia tudo mudará. Passa a vida apresentando sua
arte por migalhas, por sobrevivência.
Mas quase sempre tudo se mantém igual ou pior e quando se percebe, o tempo
passou e tentar recomeçar a vida em outra profissão nem sempre é possível. Daí
a frustração aumenta. E a essência da música se vai de uma só vez.
31/03/2016
Exatamente assim que eu me sinto, e a emoção vai se indo, se indo. Daí eu choro e me pergunto o que eu fiz de errado, minha vocação tá acabando... Nada de errado, só não fui levado a sério e nem valorizado. Já toquei muito melhor, mas me senti humilhado quando não valorizam meu esforço e empenho pra dar o melhor. Fora as incompreensões do artista por parte de quem te contrata, tipo aquela lá no cabelo em Pareci... Não posso desistir né?
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